A ORIGEM DO SANTO ROSÁRIO
Felizmente nos dias atuais, ainda é possível encontrar famílias que num gesto de amor a Cristo, desligam seus televisores e computadores, e se reúnem para rezar o Santo Rosário, oração poderosa e caminho de contemplação à vida de Nosso Senhor. Ao longo dos anos, por inúmeras vezes a Mãe de Deus nos pediu para que rezássemos o terço. Particularmente, não tenho dúvidas de que quem reza o terço diariamente vai ao inevitável encontro com Jesus, busca os sacramentos com mais freqüência e a participação diária da Santa Missa torna-se também inevitável.
Assim como eu, creio que muitos já se perguntaram sobre a origem desta poderosa oração, uma vez que nada na Igreja começa ou é inventado sem que haja um sentido para tal. Então, se tudo na Igreja tem sentido, tem origem, tem uma razão de existir, qual a origem do rosário?
Uma das expressões da religiosidade humana, em muitos povos e em diferentes religiões, é a reza ou meditação de pequenas fórmulas de oração, de forma consecutiva utilizando algum artifício para numeração como a contagem dos dedos, gravetos, pequenos ossos, pedras, etc..
Entre os cristãos já se observava tal costume entre os eremitas e monges do deserto nos séculos IV e V. No Ocidente essa prática toma incremento especial, quando ao final do século X os fiéis rezam o "Pai-nosso" determinado número de vezes consecutivas, tal fato provavelmente se iniciou em mosteiros onde os cristãos analfabetos não conseguiam meditar os Salmos (em latim) juntamente com os alfabetizados, assim os Superiores religiosos estipulavam a recitação de certo número de "Pai-nossos" em lugar dos Salmos do Ofício Divino que era celebrado solenemente em coro.
Com a finalidade de favorecer tais exercícios de piedade, houve um aprimoramento da confecção de correntes que facilitavam a contagem das preces. Esses cordões eram divididos de dez em dez grãos tendo o último mais grosso para facilitar a contagem, como somente se rezava o "Pai-nosso" não havia como hoje a conta maior em meio às dez menores, este instrumento se chamou "Paternoster".
Ao mesmo tempo desenvolvia-se entre os cristãos outro exercício de piedade que consistia em saudar a Virgem Santíssima, com as palavras do anjo Gabriel em Lucas (1, 28) "Ave cheia de graça", acompanhada das palavras de Isabel "bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto de tuas entranhas" - Lucas (1, 42). A invocação final que usamos hoje "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte" ainda não estava em uso na Idade Média.
Resumidamente foi o desenvolvimento dessas duas práticas que deram origem ao Rosário de Nossa Senhora que recitamos fervorosamente hoje e de Deus recebemos graças particulares.
O nome Rosário, dizem que deve a um relato popular de um monge cisterciense que se comprazia em rezar 50 "Ave-Marias" que saiam de seus lábios como rosas que iam aos céus e se depositavam na cabeça da Santíssima Virgem.
Nos séculos XV e XVI houve uma grande promoção na devoção do Rosário, e a festa de 7 de Outubro está relacionada com a Vitória de Lepanto (na Grécia) dos Cristãos contra os Turcos e Muçulmanos no dia 7 de Outubro de 1571. O crédito desta vitória foi atribuído ao Rosário.
São Pio V (1566-1572), ordenou uma festa Mariana anual em honra de Nossa Senhora da Vitória e, em 1573, Gregório XIII (1572-1585) permitiu que fosse celebrada a festa do Santo Rosário nas Igrejas que tivessem um altar de Nossa Senhora do Rosário.
Depois de outra vitória contra os Turcos e os Muçulmanos, o Papa Clemente IX (1667-1669) estendeu a festa à Igreja Universal. Em 13 de Outubro de 1917 foi a última aparição de Nossa Senhora em Fátima que se identificou como a "Senhora do Rosário" e a que depois nós acrescentamos "de Fátima".
Depois da queda de Constantinopla em 1452, o poder Turco continuou a crescer até ao ponto de se tornar uma poderosa ameaça contra o poderio Europeu sobre o Mar Mediterrâneo.
Em 1570 os Turcos de Ottoman invadiram a ilha de Chipre e daí partiram para a invasão de Veneza e depois foram-se instalar no porto de Lepanto, no Golfo de Corinto.
Como se anunciou uma iminente invasão dos Muçulmanos da Europa Oriental, as forças navais Cristãs, recrutadas primariamente da Itália e da Espanha, sob a chefia de D. João de Áustria, estavam mal preparadas para enfrentar a superioridade da frota Turca ancorada no Golfo de Corinto.
Nas últimas horas do dia 7 de Outubro de 1571, D. João viu-se rodeado por uma frota de 208 galés, 80.000 homens para enfrentar 230 galés dos 120.000 Turcos (muitos deles, Cristãos escravos capturados pelos Muçulmanos em guerras anteriores), para dar início à maior batalha naval entre galés de remos.
Depois de um breve colapso da linha de batalha dos Cristãos, D. João reuniu a sua frota e então infligiu severas derrotas à frota Turca.
Os Turcos perderam 40 galés e 30.000 homens, entre mortos e feridos, enquanto D. João perdeu apenas 12 galés e 8.000 homens e resgatou os Cristãos escravos.
O valor desta vitória não foi reconhecido nessa altura, embora a batalha marcasse o princípio do declínio da ameaça militar dos Muçulmanos na Europa.
O Papa S. Pio V que, entretanto, tinha pedido a devoção do Rosário como preparação espiritual para a batalha, declarou para o dia 7 de Outubro, a festa de Nossa Senhora do Rosário, em honra desta vitória dos Cristãos em Lepanto.
Esta batalha foi celebrada pelo grande autor católico G. K. Chesterton num poema com o mesmo nome, reconhecido como uma obra prima da literatura cristã.
A Estrutura do Rosário
O Rosário "tradicional" é formado por três mistérios ou ciclos: Mistérios Gozosos, Mistérios Dolorosos e Mistérios Gloriosos.
Os mistérios gozosos têm por característica a "alegria que irradia do acontecimento da Encarnação. Isto é evidente desde a Anunciação, quando a saudação de Gabriel à Virgem de Nazaré se liga ao convite da alegria messiânica: « Alegra-te, Maria ». Para este anúncio se encaminha a história da salvação, e até, de certo modo, a história do mundo". Os mistérios gozosos contemplam a Encarnação do Verbo no seio virginal de Nossa Senhora, a Visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Izabel, o nascimento do Menino Jesus em Belém, a purificação de Nossa Senhora e a apresentação de Jesus no Templo e a perda e o encontro do menino Jesus no Templo junto aos doutores da lei.
O Segundo ciclo contempla os mistérios dolorosos. Particularmente, costumo dizer que os mistérios dolorosos são os que de nós exige uma maior intensidade no ato contemplativo. Claro que isso não significa que sejam os mistérios dolorosos, mais importantes que os demais. De modo algum, tenho pretensão – e nunca terei – de estabelecer uma hierarquia para os mistérios do Santo Rosário. Mas cabe aqui recordar, que os mistérios dolorosos contemplam a própria redenção de cada um de nós por meios dos sofrimentos de Jesus Cristo e também deve nos levar sempre a refletir sobre o sentido do sofrimento na vida de cada um de nós, pois, se Cristo, ao sofrer, santificou o sofrimento, também nós devemos fazer de nossas dores uma via de santificação, já que são "parte" da Cruz de Cristo.
“Os mistérios da dor levam o cristão a reviver a morte de Jesus pondo-se aos pés da cruz junto de Maria, para com Ela penetrar no abismo do amor de Deus pelo homem e sentir toda a sua força regeneradora.” Nele contemplamos a agonia de Jesus no Horto, a flagelação de Nosso Senhor, a coroação de espinhos, Jesus com a cruz às costas e a Crucifixão e morte de Cristo.
O terceiro ciclo contempla os mistérios gloriosos. É uma grande alegria para nós a certeza de que Jesus Cristo ressuscitou! Por isso a contemplação dos mistérios gloriosos convida “o cristão a ultrapassar as trevas da Paixão, para fixar o olhar na glória de Cristo com a Ressurreição e a Ascensão.” Também contempla-se a vinda do Espírito Santo que capacita os apóstolos de Jesus Cristo que, junto com Maria, iniciam a sua missão evangelizadora. Maria, aquela que disse o seu “FIAT” – faça-se – à vontade de Deus, encerra a contemplação dos mistérios da glória com a sua assunção e a sua coroação nos céus. Então, os cinco mistérios gloriosos são: a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a sua ascensão aos céus, a vinda do Espírito Santo no cenáculo de Jerusalém, a assunção da Virgem Maria e a sua coroação no céu como Rainha de todos os anjos e santos.
Os Mistérios Luminosos
Em 16 de Outubro de 2002, o Papa João Paulo II instituiu o período de Outubro de 2002 a Outubro de 2003 como sendo o « Ano do Rosário » e publicou a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae em que apresentou-nos mais um ciclo de mistérios para que os fiéis pudessem contemplar de forma mais plena a missão redentora de Nosso Senhor Jesus Cristo. Trata-se dos mistérios luminosos, que nos levam a meditar sobre cinco ocasiões da vida pública de Nosso Salvador. A inserção de novos mistérios, não prejudica de nenhuma forma a essência do esquema tradicional e o Santo Padre deixa livre a meditação ou não destes mistérios. Nos mistérios luminosos contemplamos: o batismo de Jesus no Jordão, a auto-revelação nas bodas de Caná, o anuncio do Reino e convite à conversão, a transfiguração no Tabor e a instituição da Eucaristia.
Rogo a vocês meus amigos e coroinhas que reúnam suas famílias para, juntos, mergulharem no coração de Cristo através da reza do Santo Rosário.
Rainha do Santo Rosário,
rogai por nós!
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